Carlos Maciel da Cunha (1932-2016) nasceu em Bonfim, Minas Gerais, em uma família camponesa. Ele viveu em uma cidade pequena e esquecida, onde viu a pobreza e a falta de oportunidades como algo aceito como destino divino. Aos dez anos, foi para o Colégio Interno do Caraça (MG), buscando educação e melhores condições de vida.

Mais tarde, estudou Filosofia e Teologia em Petrópolis (RJ), renunciando à vida religiosa para se tornar professor. Inspirado pela Teologia da Libertação, defendeu os direitos dos pobres e marginalizados. Durante seu doutorado em Paris nos anos 60 seu encontro com os escritos do Padre Jesuíta Teilhard Chardin, sua principal referência no campo teológico. As experiências vividas por Carlos Maciel da Cunha no campo religioso fizeram com ele se identificasse com um Jesus libertador e com as causas dos condenados da terra.

Como professor na Universidade Federal de Minas Gerais, lutou contra a ditadura militar e, nos anos 70, mudou-se para Ribeirão das Neves para estar mais perto das lutas populares. Após se aposentar, dedicou-se à organização política da comunidade local, elaborando cinco volumes da Coleção Encontro Comunitário, um material de caráter didático, escrito com o intuito de estimular o desenvolvimento de práticas cidadãs e o engajamento da população nevense na luta pela promoção da cultura da paz e pela justiça social.

Carlos acreditava que o conhecimento deveria ser prático e acessível a todos, dialogando com pessoas em diferentes espaços da cidade.

Esperança e Girassol foram os bairros em que viveu seus últimos anos de vida. Esperança, não do verbo esperar, mas do verbo esperançar (agir) e Girassol, símbolo da vivacidade, da luz e da alegria, traduzem, em grande medida, a caminhada de Carlos Maciel da Cunha.